14 de out. de 2010
Papinho com Racine Santos: “O texto é a chama que ilumina o ator”
Entrevista com Racine Santos – Dramaturgo
Racine Santos teve seus primeiros contatos com teatro em Recife, nos anos 1960, quando conheceu Ariano Suassuna, Hermilo Borba Filho e Luiz Marinho. Criou, junto deste último, de Altimar Pimentel, Tácito Borralho e outros, a Associação dos Dramaturgos do Nordeste, que preside até hoje.
A Grande Serpente
Fiquei de boca aberta com a montagem do texto “A Grande Serpente”, pelo Grupo Imbuaça (SE). Esse texto já tinha sido montado por Moncho Rodriguez, em Recife. Eu já tinha negado ele para várias pessoas e não pensei duas vezes em autorizar a montagem do Imbuaça. O Imbuaça é o Imbuaça! João Marcelino acertou em optar pelo minimalismo e conseguiu enxergar a ligação que o texto tem com o teatro grego. Assisti a estréia e fiquei muito emocionado!
O papel da dramaturgia
Como presidente da Associação Nordestina dos Dramaturgos me preocupo muito com as questões que norteiam a dramaturgia teatral. Já realizei sete encontros de dramaturgos nordestinos e sempre estou em busca dessas discussões. Graças a Deus saímos dos anos 80, quando afirmavam que “o texto era um mero pretexto”. Acredito que o texto de um espetáculo é a chama que ilumina o ator. Se o texto não cumpre este papel, ele não presta! A ação está contida na fala ou não está.
Processo de produção de texto
Escrevo assistindo ao espetáculo na minha frente. Escrever teatro precisa de vivência. O dramaturgo precisa saber o que é palco e tem que olhar ao seu redor para continuar tendo base nas questões humanas. O ódio, o amor, a vingança, a paixão, a traição... São sentimentos comuns a qualquer ser mortal, não há como fugir deles. E tenho a mania de só escrever teatro à mão e com lápis grafite. Também reescrevo muito os meus textos. Basta dizer que o “Bye, Bye Natal!” que foi para o palco foi reescrito umas vinte vezes!
Novos Projetos
Eu me isolei nos últimos anos por questões pessoais, mas o meu trabalho não cessa. Estou reescrevendo um espetáculo chamado “Maria do O”, adaptação do texto “A Prostituta Respeitosa”, de Jean Paul Sartre. Também estou adaptando o conto “Um gato na paisagem” para um monólogo. Devo deixar os textos guardados na gaveta até o momento certo de ser montado.
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